sábado, 10 de julho de 2010

Sou subversivo, e daí?


Sou subversivo, e daí?






Sempre questionei. Nasci com o instinto furioso da discordância. Nunca nutri qualquer simpatia para com as ditaduras, não interessa qual configuração. Toda ditadura, todo absolutismo me provoca. Detesto imposições. Amo a proposta, a dúvida, a crítica, o pensar. Sou um amante da liberdade!



Sempre detestei a injustiça, seja ela qual for. Não suporto sistemas e esquemas totalitários, gente metida a Deus, "riquinhos" e sua esnobe mania de ostentar empáfias e futilidades. Sempre fui pobre, filho da periferia, coberto pela poeira da vida, marcado pela falta de padrinhos, nunca tive "as costas quentes". Condenado à sobrevivência, fui fazendo das palavras minha arma de grosso calibre. Ainda são poucos os que me leem, mas ainda acredito...


Sempre amei a poesia, a filosofia, a teologia e a arte, ainda que todas estejam unidas na mesma subversão! Amo tudo que é, que não afirma sua existência no que tem, mas no que sabe ser. Amo gente que já viveu mais do que eu, que carrega nos cabelos a neve do tempo. Adoro seus conselhos e até aquela dose de desilusão que acompanha os que já se gastaram na luta.


Estudei em escola pública, andei de ônibus - muito - na guerra urbana entre sair de casa e não saber se volta. Cheguei ao ministério sem ter pai pastor, sem ser indicado pelos figurões da teologia de "tio Patinhas". Pregando mensagens perigosas desafiei alguns pequenos impérios. Ainda estou aqui. Tentando, acreditando, utopicamente sonhando...

Quero a companhia dos poetas e dos profetas. De gente que se contorce com as mesmas dores que atingem os oprimidos. Quero acreditar que um dia, da massa que não pensa, surgirão pequenos gritos. Quero escrever, ainda que no rodapé das páginas da história, frases que acordem o exército dos subversivos.


Que não me venham apregoar a morte das tentativas! Sou subversivo, morro acreditando!


Até mais...




Alan Brizotti

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Vai dar tudo certo? Não, nem tudo vai dar certo.


Seu mundo caiu, a doença chegou, a oração não vingou, a esperança falhou, mas você ergueu a cabeça, enxugou as lágrimas e agradeceu a Deus pela vida? Bem-vindo à fé.


Acabaram-se as certezas, não há garantias, e os amigos sumiram, e mesmo assim você sorri à criança que passa, e de repente se pega cantando? Então você adentrou ao círculo da fé.

A família lhe questiona: “O teu Deus, onde está?”, e quando você ora, costuma pedir: “Senhor, ajuda-me na minha falta de fé”? Então saiba que você foi admitido a um restrito grupo de pessoas espalhadas pelo mundo afora, que nos últimos dois mil anos se uniram em torno de uma cruz.

Que fique claro: não se trata de “fé na fé”, e nem de “fé em si mesmo”, como tentam nos passar os livros de auto-ajuda, mas fé no Deus da vida que é Senhor sobre todas as coisas.

Esqueça aquela visão do “venha para Jesus e dê adeus aos seus problemas”. Não dê ouvidos se lhe disserem que agora é só vitória, alegria e ausência de dificuldades. Jesus nunca prometeu que elas acabariam, mas pediu que tão somente crêssemos Nele.

Confesso que é bastante tentador viver a fé no modo condicionante, à maneira de Jacó: “Se Deus for comigo, e me guardar na jornada... e me der pão para comer... e me der roupa para vestir... e eu volte em paz para casa, então o Senhor será o meu Deus” (Gn 28.20-22).

Jacó apresentou um “pacote” a Deus: pediu a Sua presença, proteção, roupas, provisão, e sucesso na empreitada.... e, caso recebesse, então o Senhor seria o seu Deus. É a fé que coloca Deus contra a parede.

Mesmo com todas as promessas divinas estampadas claramente nas páginas das Sagradas Escrituras a todo aquele que crê, também somos como “Jacós” modernos, e fazemos lá nossas propostas para arrancar algo de Deus, numa clara demonstração que ainda não compreendemos muita coisa do seu amor.

Os pregadores da prosperidade vivem barganhando com Deus. E multidões indo atrás. Não se impressione com aqueles testemunhos de gente que tirou a “sorte grande” com Deus. Pra cada um que vai lá falar, há milhares que estão virando as costas ao Eterno por Ele não ter “cumprido” sua parte. Mas isso jamais será mostrado.

Tudo vai dar certo? Não, nem tudo vai dar certo! Coisas ruins podem acontecer a pessoas boas. Habitamos um mundo decaído, onde a morte, as doenças, e a injustiça podem resvalar em nós.

O profeta Habacuque nos leva para uma trilha dos que já entenderam melhor o amor de Deus. É a fé dos que não precisam de provas constantes da fidelidade divina, é a fé dos que perderam, mas na derrota ganharam, é a fé dos que nada têm, mas vivem como se tivessem tudo, e se aquietam mesmo diante do mais absoluto silêncio dos céus. Amar ao Eterno também é compreender a Sua ausência e os seus “nãos” para a nossa vida.

Esses são os que foram “apedrejados, provados, afligidos, maltratados” (Hb 11.37) e que não obtiveram a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a eles (Hb 11.39-40). Sim, é isto: aos nossos olhos, fracassaram, perderam. Aos olhos da fé, venceram.



A palavra-chave na vida desses cavaleiros da fé não é “se”, mas “ainda que”:



Ainda que a figueira não floresça,


Ainda que não haja fruto na videira;


Ainda que os campos não produzam mantimento....


Todavia, eu me alegro no Senhor.


Normalmente, ficamos nos perguntando o porquê de certos acontecimentos, se é ação do mal ou mera contingência da vida. Mas como explicar alguma coisa se a própria bíblia diz que “há justo que perecerá na sua justiça, e há perverso que prolongará os seus dias na perversidade” (Ec 6.15)?

Não se sustenta a ideia de que os filhos de Deus só receberão "coisas boas" na vida. Quando Paulo diz que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, esse “bem” não significa necessariamente vida confortável, riqueza ou saúde, mas um “bem” que não está restrito à nossa limitada e finita visão material.

Charles Spurgeon sofreu de gota e artrite a maior parte de sua vida, Calvino de uma dor de cabeça crônica, John Wesley não teve propriamente um casamento feliz, e Lutero lutava diariamente contra a depressão. Isso apenas para ficarmos em alguns homens de fé do passado.

Por isso, quando você orar, não espere que somente as coisas exteriores sejam passíveis de mudança. Possivelmente, a resposta de Deus já foi dada, a qual não foi mudada “lá fora”, mas “dentro” de você.

No mundo, sempre haverá aqueles como Jacó, que crerão em Deus somente se forem “abençoados” Há os como Habacuque, que não se importarão e dirão sob quaisquer circunstâncias: “ainda que”. Estes aprenderam a viver contente em qualquer circunstância.

Viver pela fé é reconhecer que o Eterno, de alguma forma, estará por perto quando os dias maus chegarem, e eles vão chegar. É saber que, mesmo andando no deserto, às vezes Deus coloca um oásis para nós para renovar nossas forças e nos alegrar, e nada neste mundo, nem morte, dor, doenças, solidão, incompreensão, poderá nos separar do amor de Cristo.

Deus é sensível ao mais leve movimento do coração em sua direção. Faça isso agora. Ele se agrada dos que esperam por Ele.



Pr. Daniel Rocha

Retirado do blog: http: //kedsonni.blogspot.com
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